sexta-feira, 20 de novembro de 2009

"Palhaços" (Crítica)


Conheci Timochenco em 2007. Estava assumindo a coordenação regional das Oficinas Culturais do Governo de São Paulo no oeste paulista. Uma das primeiras tarefas: imersão na vida e na obra do patrono. Penetrar a obra de Timochenco não é coisa fácil. Desprender-se dela, impossível. Uma das características mais importantes é a maneira como o seu texto favorece a imersão do leitor, como o seu teatro favorece a imersão do espectador. A partir desse pressuposto, poderíamos deduzir se tratar de proposta fácil para o diretor, para o ator. Não é. Personagens, cenários e fatos comuns ao nosso cotidiano podem, num primeiro momento, seduzir para esse entendimento. Ledo engano. Interpretar sua obra é celebrar a vida, a própria vida. Percebo assim a proposta de Timochenco. E é justamente aí que reconheço sua generosidade. E é justamente através dessa perspectiva que reconheço a coragem daquele que se propõe a realizar esse trabalho. Um trabalho que penetra de forma incisiva em todos os setores da sociedade: social, político, cultural e artístico. Um ritual auto-canibalístico contemporâneo ao SLOW FOOD.

Apontando diretamente para a recente montagem da BÁQUICOS CIA TEATRAL, considerando todos os pressupostos, reafirma-se a máxima do Marquês de Maricá de que “Povo sem lealdade não alcança estabilidade”. E quero destacar aqui a lealdade a suas próprias origens, às suas personalidades pensantes que ajudaram a conduzir sua própria história. E como se isso já não bastasse, Tiago Casado, Vinícius Demarque e toda a sua equipe, rompem conceitos e fazem nossos olhos e mentes se voltarem para a Nova Alta Paulista e reconhecer que conquistaram um lugar na história da arte e da cultura da nossa gente num momento de efervescência regional. É a vanguarda que pede passagem. É a reafirmação de que a velha e boa arte pode brotar e levantar seu estandarte à margem de tantos outros legitimados e nos conduzir num misto de susto e alegria para uma reflexão que aponta para a importãncia do coletivo.

Por Paulo Brasil

Coordenador da Oficina Cultural "Timochenco Wehbi" de Presidente Prudente


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